O auditório do Bloco Central (Teatro Católica) recebeu, na manhã e na noite desta quinta-feira, 18 de outubro, o 2º Encontro Temático das Disciplinas Virtuais da Universidade Católica de Brasília (UCB). O Magnífico Reitor, Prof. Dr. Ir. Jardelino Menegat, recebeu a todos os presentes e falou da importância da espiritualidade para o sucesso pessoal e profissional, fazendo referência ao tema da palestra principal, feita pelo monge beneditino Marcelo Barros, intitulada “A ética do cuidado e espiritualidade”.
“Eu aprecio muito os encontros acadêmicos, gosto dessa interação entre professor e estudante”, disse o reitor. Sobre a palestra, ele destacou: “o tema da palestra é muito importante para a vida de todos vocês, estudantes, pois serão todos provocados, de uma forma ou de outra, a trabalhar a dimensão ética e ter cuidado com a espiritualidade. Temos que ser éticos se quisermos um mundo melhor. Já a espiritualidade é muito mais do que breves momentos e práticas religiosas, mas é todo um clima organizacional, é um bem viver, é acolher, cuidar, respeitar o outro”, destacou o Ir. Jardelino.
Estiveram presentes no encontro diretores de Escolas, professores, estudantes e o supervisor de Pastoralidade da União Brasileira de Educação Católica (UBEC), Joaquim Alberto Andrade Silvada, que foi o mediador dos debates entre o público e o palestrante.
A palestra abordou as dimensões históricas do cuidado e o zelo com a vida, como Marcelo Barros, define “cuidar é viver”. A discussão remontou ao longo da história, desde a Índia, do século V antes de nossa era, com Sidharta Guatama, o Buda, que afirmava que “todos(as) somos chamados a olhar a outra pessoa como uma mãe carinhosa olha o filho que está em seu útero”; até o século XX, com filósofos como Heidegger. “O que mais define o ser humano não é a capacidade de pensar (o ser humano é um animal racional), nem a possibilidade de criar. O ser humano se define, principalmente, pela vocação de cuidar. Nos anos 60, o psicólogo Carl Rogers afirmava que o que nos torna pessoas é a relação do cuidado, recebido e compartilhado”, disse Marcelo Barros.
Segundo Barros, falar de espiritualidade é o que o homem pode revelar de mais secreto e íntimo em sua essência. “O ser humano é muito fragmentado dentro de si próprio. A espiritualidade é a forma de nos formarmos em um só, uma unificação interior”.
“O sistema dominante exilou a ética das discussões sobre o viver. Ao desprezar a ética como base da organização social, de certa forma, a sociedade humana deserta da própria possibilidade de vida tanto em comum, como mesmo no plano da sobrevivência pessoal e ameaça a continuidade da vida no planeta. As sociedades indígenas da América Latina propõem como critério de organização social o bem viver. Esse paradigma parte do cuidado na relação interpessoal, na organização social e na busca da comunhão com o universo”, falou o monge beneditino sobre outra dimensão do cuidado, que é com o planeta.
Barros fez um convite a todos para que façam uma reinterpretação da condição humana. “As dimensões do cuidado são: do mais profundo do ser; de nós mesmos; do outro (mais pobres), da Terra (vida) e de Deus”, disse.
O palestrante
Marcelo Barros é um monge beneditino, escritor, teólogo brasileiro, professor convidado do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Pastoral (CESEP), em São Paulo, e de diversos organismos pastorais e ecumênicos em toda a América Latina. Colabora com revistas brasileiras e de outros países, na América Latina e na Europa.