Representantes de cerca de 50 startups de educação (as chamadas edtechs) e de instituições de ensino participaram, no dia 16 de outubro, do 4º Edtech Meetup Brasília. O evento discutiu o tema "Inovação nas Escolas" e contou com a presença do pró-reitor Acadêmico da Universidade Católica de Brasília (UCB), Prof. Dr. Daniel Rey de Carvalho; do coordenador-geral de Formação Continuada da UCB, Prof. Dr. Christian Philip Klein e o professor Igor Gomes, docente em diversos cursos de graduação e pós-graduação da Universidade.
As startups apresentaram projetos em diversas áreas, como personalização de ensino, gameficação, plataforma multilaterais, escolas on-line, educação empreendedora, plataformas EAD e muito mais. Nos estandes, os representantes das edtechs tiveram a oportunidade de apresentar seus projetos.
O encontro teve como palestrantes dois expoentes em inovação educacional no Brasil: Luciano Meira, professor de psicologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e Felipe Anghinoni, fundador da escola de atividades criativas Perestroika. Luciano abordou em sua fala técnicas de inovação no ensino. “A transformação da educação é um movimento da sociedade. Enquanto não fizermos isso, teremos apenas experimentos e isso não causará transformação em rede, não na velocidade e volume que é preciso”, explica. O professor disse que, para isso acontecer, é necessário que as escolas tenham líderes para coordenar essas transformações. “Grupos ou pessoas que energizem essa conversão. Para isso, é necessário que os gestores das redes de ensino permitam a iniciativa”, alertou.
De acordo com o professor da UFPE, o modelo atual de aula não é ideal, pois não consegue ser eficiente, já que não há aprendizado real. “Atualmente, 70% dos cursos profissionais são apresentação de conteúdo, não tem a parte prática no currículo, o que é impensável em se tratando de capacitação.” Para o professor, as escolas precisam começar a repensar os métodos de exposição de ensino. “Um exemplo eficaz é uma escola pública dos Estados Unidos, em San Jose, na Califórnia. Lá, 99% dos alunos de baixa renda ingressam em universidades de ponta da região”, ressalta Luciano. O palestrante explica que a instituição não tem aulas tradicionais. Foi criado um sistema em que o aluno notifica o monitor sobre o conteúdo em que tem dificuldade. Ele vai para uma sessão presencial de exercícios apenas daquele tópico.
O docente mostrou, entretanto, que a realidade brasileira é diferente. As escolas públicas, por exemplo, não têm recurso para implementar esse tipo de sistema. “Mesmo sem dinheiro para comprar computadores, os estudantes brasileiros usam smartphones. O celular pode ser usado para inovações em sala de aula, mas vai demandar logística e esforço para funcionar corretamente”, ressalta. Como o smartphone é de uso pessoal, a escola não precisa investir dinheiro, mas a solução vai exigir a presença de especialistas em smartphones e aplicativos de mensagem. Além disso, será necessário um profissional que possa fazer a ponte entre a inovação e a proposta pedagógica da escola. O professor Luciano Meira também ressalta que o governo não deve focar em melhoria no índice de pesquisas. “O propósito da educação não pode ser nunca a melhoria de números, mas da qualidade de vida das pessoas, do aprendizado.”
O termo edtech é o acrônimo de education + technology (educação tecnologia), startups que tratam de educação, mais especificamente. A organizadora do evento e integrante da edtech Estudologia, Nathalia Kelday, lembrou como esse tipo de encontro surgiu: “Tenho uma startup e convidei duas edtechs amigas para ensinar o que eu tinha aprendido durante a capacitação. Como estava tudo organizado, resolvi mostrar isso para fora e, quando notei, 30 pessoas estavam no grupo de WhatsApp”, explica Nathalia. “Acabamos chamando a atenção de um coordenador de curso do Centro Universitário IESB, que nos ajudou. O primeiro encontro ocorreu com a participação de 10 edtechs.” A partir daí, o movimento começou a ganhar força. Na segunda edição, 22 empresas participaram.
Startup Católica
O Startup Católica é aberto a empreendedores, docentes, estudantes, egressos, colaboradores vinculados à UCB, empresários, pessoas com potencial empreendedor e investidores. O objetivo do programa é incentivar a criação, o desenvolvimento e a pré-aceleração de negócios inovadores, por meio do estímulo a empreendedores no Distrito Federal. O processo de pré-aceleração contempla ciclo de formação, imersões práticas e suporte aos empreendedores interessados. Caso a startup feche um acordo de aceleração, ao final do processo de imersão, receberá o aporte financeiro do investidor e não será incubada (seguirá com o investidor). A incubação dependerá do interesse de ambas as partes (UCB e startup) e será uma nova chance para quem não for acelerado.
O programa de imersão terá a duração de cinco semanas (29 de outubro a 28 de novembro) e os empreendedores interessados em participar poderão fazer as inscrições de 1º a 23 de outubro, preenchendo e submetendo o formulário eletrônico indicado no edital publicado na página da Católica. A inscrição é gratuita.
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