Diego Nolasco ministrou palestra sobre o papel da universidade e do trabalho intelectual
O professor do curso de Física e da Pós-Graduação em Ciências Genômicas e Biotecnologia da Universidade Católica de Brasília (UCB), Diego Nolasco, participou, na última sexta-feira (21), da Campus Party Brasília. O cientista abordou em palestra o atual momento vivido pelas universidades brasileiras e a importância de repensar o papel do ensino superior.
Nolasco iniciou a palestra citando uma frase do escritor Issac Asimov para ilustrar o atual momento anti-intelectualista que, dentre outros, contesta o papel da universidade e da produção intelectual: “O anti-intelectualismo tem sido uma corrente constante no seu caminho sinuoso através de nossa vida política e cultural, alimentada pela falsa noção de que a democracia significa que a minha ignorância é tão boa quanto o teu conhecimento”.
Para o professor, esse anti-intelectualismo é refletido em discursos como “você conhece alguém que ficou rico fazendo faculdade?” ou “você não precisa do conhecimento formal oferecido pela universidade”. “Isso abre espaço para vítimas de charlatões que vendem soluções mágicas como o coaching quântico ou a reprogramação de DNA”, citou Nolasco, arrancando risos de uma plateia numerosa.
O cientista focou na discussão do papel da universidade e sugeriu que todos repensem o ambiente acadêmico. “A busca pela verdade é o que move a universidade, que deve ser comprometida com o desenvolvimento de soluções para a sociedade. A universidade não deve produzir apenas mão de obra, mas também líderes do futuro. É necessário um processo de disrupção”, acredita.
Para essa reformulação no meio acadêmico, o professor propõe novos modelos de ensino, pesquisa e extensão. “Em sala de aula, o conteúdo tem de ser demandado, não oferecido. A aprendizagem tem de ser ativa, um envolvimento dinâmico. É inconcebível que o aluno mantenha uma postura passiva em sala de aula. Com relação às pesquisas, o foco tem de ser no desenvolvimento de soluções e produção de tecnologias, produção guiada por um propósito. A extensão tem de oferecer envolvimento com a sociedade, oferta de serviços e produtos, entregar valor em benefício do outro”, sugere Nolasco.
Inspiração
Para o professor, “o objetivo da fala foi inspirar os campuseiros a retomar a prática do estudo sistemático, do esforço cerebral, do trabalho genuinamente intelectual, e propor sua modernização, de forma que nosso povo tenha ferramentas para perseguir um bem comum no interesse de se fazer uma verdadeira nação”.
O estudante do curso de Direito da UCB Mateus Florentino, 20 anos, foi à Campus Party especialmente para a palestra de Nolasco. Gostou do que viu e se inspirou. “O que mais me chamou atenção foi quando ele disse que tanto aluno quanto professor devem sair de suas respectivas zonas de conforto. Depois de conhecer o professor Nolasco, eu aplico isso na minha vida acadêmica. Não espero o professor apenas passar o devido conteúdo, também não me limito apenas àquele conteúdo. Se eu não correr atrás desde já, não serei o tipo de profissional que a sociedade precisa. Sempre procuro evoluir e auxiliar o próximo a evoluir também”, disse Florentino.
Mais UCB na Campus Party
Vencedor de concurso que premiou estudantes da UCB com ingressos para a Campus Party, o aluno do 6º semestre do curso de Ciências Biológicas Danilo Barbosa comentou a experiência de participar dos quatro dias de evento.
“Sempre ouvi falar da Campus Party. Com aquela ansiedade enorme, fui conhecer o que realmente rola. Conferi a abertura, depois uma palestra do mito Dado Schneider, além de outras palestras e workshops. A galera não dormia, vivia à base de cafezinho, energético e cup noodles. Só tenho que agradecer a toda equipe da Campus Party e, principalmente, à Católica por me dar a oportunidade de conferir o evento na íntegra”, comentou o estudante.
