Evento abordou projeto vinculado às relações na família, ao diálogo inter-religioso e à pedagogia do diálogo no espaço educativo
A Universidade Católica de Brasília (UCB) realizou nesta sexta-feira (2), no Auditório do Bloco K, o “Simpósio Internacional sobre o Diálogo Educacional: caminhos e travessias”. O evento foi organizado por meio de parceria do Programa de Pós-Graduação em Educação da UCB com a Universidade de Ottawa (Canadá) e a Temple University (EUA).
O simpósio teve como objetivo abordar, por meio da vivência, da reflexão e da experiência, um projeto dialógico vinculado às relações na família, na igreja e na escola, focando no diálogo entre pais e filhos, no diálogo inter-religioso e na pedagogia do diálogo no espaço educativo. A diretora da Escola de Educação, Tecnologia e Comunicação, Anelise Pereira Sihler, resumiu: “estamos aqui com o objetivo de conversar sobre o diálogo, momento de importância acadêmica e social”.
Também compondo a mesa de abertura, o reitor da UCB, Prof. Dr. Ir. Jardelino Menegat, deu boas-vindas aos presentes e falou sobre a importância do diálogo nos tempos atuais. “Cada vez mais os diálogos, as comunicações acontecem de modo virtual. Por isso, a universidade e o modo de fazer educação precisam incorporar esses meios para a produção de conhecimentos. Os diálogos se desenvolvem, de modo geral, a partir de pontos de vista diferentes. Por isso, eles supõem um clima de boa vontade e de compreensão recíproca na construção de caminhos, travessias e de alternativas. Com diálogos é possível fazer acontecer travessias de obstáculos, superação de desafios e integração de rupturas”, destacou.
O diretor de Pós-graduação da UCB, Prof. Dr. Lúcio Gomes Dantas, falou sobre o papel da universidade na construção do diálogo. “Pelo diálogo, estamos dispostos a estar ao encontro de [algo, alguém]. O momento é propício para dialogarmos sobre ideias diferentes. A universidade é a guardiã de pensamentos diversos”, disse.
Diálogo Inter-religioso
Pela manhã, o simpósio foi coordenado pelo professor Renato de Oliveira Brito. O professor Giuliano Reis, da Universidade de Ottawa (Canadá), falou sobre o diálogo na família e experiência pessoal sobre o tema.
Na sequência, o professor Daniel Santos Souza, da Universidade Metodista de São Paulo, abordou o diálogo inter-religioso. Ele destacou a dialética religiosa no Brasil e a complexidade da relação entre Igreja e sociedade. “Temos que pensar o diálogo entre as diversas profissões de fé”, frisou.
Socializando a experiência sobre o diálogo inter-religioso, o senhor Hoeck Miranda falou sobre a religião Bahá’i, que surgiu na Pérsia, hoje Irã, em 1844. Possui suas próprias leis e escrituras sagradas que se baseiam nos ensinamentos de Baha’u’llah e não possui rituais, cultos, cleros e dogmas. “Sem o diálogo nunca chegaremos à cidadania interplanetária”, destacou Hoeck Miranda.
Diálogo na Educação
O professor Luiz Síveres fez a sua palestra em cima do diálogo na perspectiva da educação. Segundo o docente, o diálogo, esse eixo, tem três pilares: a vivência, o diálogo em si e a pedagogia.
“O diálogo faz parte da condição humana, por isso, se nós não dialogarmos estamos abdicando da nossa essência humana. Então, existem fatos positivos de nós estarmos tão envolvidos com as tecnologias, mas não podemos substituir a condição humana pela tecnologia. Por mais tecnologia programada que temos, ela não chega a substituir o afeto, a presença, a proximidade, o encanto”, destacou o Síveres.
Sobre a experiência do diálogo na educação, o simpósio contou com a presença da professora Marli Dias Ribeiro, diretora de Ensino Fundamental, da Secretaria de Educação do Distrito Federal.
Segundo Marli, cuidar da escola é cuidar do futuro. Ela falou ainda da ação desenvolvida pelo GDF, como o método da Pedagogia Alfa, que é uma proposta educativa que nasceu em um contexto de alterações globais, de transformações sociais e de mudanças pessoais. Essa pedagogia está pautada em um procedimento que incorpora a dimensão humana e o processo educativo por meio da presença, proximidade e partida. Tais abordagens caracterizam os procedimentos da condição humana, bem como os processos educacionais.
Cidadania Planetária
No período vespertino, a coordenação do simpósio foi feita pelo professor Idalberto José das Neves Júnior e contou com a reflexão da professora Maria Cândida Moraes, que falou sobre os “Saberes para uma Cidadania Planetária”.
A professora explicou a convicção de que precisamos urgentemente repensar a educação, refundar o humanismo, restaurar a ética e a solidariedade planetárias. “São esses os eixos fundamentais do pensamento de Edgar Morin que se eternizam e têm a força mobilizadora para levarmos adiante lutas e compromissos por parte de todos nós”.
Por Adson Boaventura e Rodrigo Eneas